O treinamento com oclusão vascular, também conhecido como kaatsu training, tem sido amplamente investigado nos últimos anos. Uma simples busca na PubMed através das palavras “blood flow restriction” permite identificar mais de 1800 publicações. O interesse pelo tema está relacionado à possibilidade de se obter bons resultados sobre o aumento da força e massa muscular decorrentes de treinamentos com a utilização de baixas cargas externas. De fato, os resultados das pesquisas têm mostrado que o treinamento com baixas cargas associado à oclusão vascular apresenta eficiência no aumento de força e hipertrofia muscular em níveis semelhantes aos observados no treinamento resistido com altas elevadas (Pope et al., 2013; Scott et al., 2015). A principal vantagem é que, em virtude da utilização de cargas baixas, diminui-se o estresse sobre as estruturas não contráteis, como articulações e tendões.
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Para aplicação prática da oclusão vascular, geralmente, utiliza-se um manguito inflável com manômetro acoplado, que pode ser colocado na parte proximal do braço ou da coxa. O equipamento funciona como um esfigmomanômetro que é utilizado para aferição da pressão arterial, porém com medidas adaptadas que possibilitam maior conforto e mobilidade para a execução de exercícios. A pressão utilizada durante o treinamento deve possibilitar a total oclusão venosa, porém restrição parcial do fluxo arterial. Para ajustar esses valores, a literatura apresenta diversas recomendações, que consideram, principalmente, a largura do manguito e o perímetro do membro que será submetido ao treinamento (veja as recomendações AQUI) (Scott et al., 2015; Corrêa et al., 2016).
Como o princípio básico desse tipo de treinamento é a restrição do fluxo sanguíneo para o segmento mobilizado, uma das principais preocupações de treinadores e pesquisadores está relacionada às respostas hemodinâmicas proporcionadas pelo método. Nesse sentido, apesar de recentes e ainda em pequena quantidade, algumas pesquisas têm sugerido que as respostas hemodinâmicas agudas, embora sejam ligeiramente maiores que as observadas no treinamento tradicional, ficam dentro dos limites de segurança cardiovascular (Neto et al., 2016). Além disso, o método mostra potencial para promover hipotensão pós-exercício, tanto em sujeitos normotensos (Neto et al., 2015), como também em hipertensos (Araujo et al., 2014).
Considerando o exposto, o treinamento com oclusão vascular se mostra, até o momento, interessante e seguro para indivíduos saudáveis, desde que o controle das variáveis envolvidas seja preciso. Para populações especiais, os estudos ainda são recentes, mas os resultados são promissores para idosos e hipertensos. Vale lembrar que a supervisão de um profissional de Educação Física experiente é pré-requisito fundamental para o sucesso no treinamento.
Para quem tem interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o tema, sugiro fortemente a leitura das referências abaixo, bem como a leitura do meu livro Treinamento de força com oclusão vascular. Bons estudos e bons treinos!
Referências (clique sobre o nome do autor para ser redirecionado):