Com esse ponto de vista, que acredito ser mais imparcial, traço a minha estratégia de aulas no ensino superior, formando profissionais com domínio de ferramentas distintas e, sobretudo, com visão crítica para analisar os fatos.
Especificamente sobre exercícios multiarticulares e uniarticulares, a visão que compartilho está baseada nas vantagens de cada tipo. Se o profissional souber analisar, friamente e sem paixões, as vantagens, conseguirá selecionar a ferramenta adequada para cada momento. Assim, compartilho com os leitores as vantagens que observo nos diferentes tipos de exercício, baseadas nas minhas experiências de estudo e de treinamento.
Veja também o curso online “Hipertrofia muscular: o que realmente funciona?“
Multiarticulares:
• Utilização de cargas externas mais elevadas, devido ao envolvimento de maior massa muscular; essa pode ser uma opção interessante para atletas e indivíduos que desejam aumentar a força máxima de forma segura.
• Otimização do tempo de treino, pois diferentes grupos musculares podem ser treinados em um mesmo exercício; isso pode ser viável para pessoas que têm pouco tempo disponível para treinar.
• Maior gasto energético, em virtude da maior massa muscular mobilizada no exercício; esse fato pode direcionar a escolha nos programas voltados ao emagrecimento.
• Maior produção e liberação hormonal, principalmente, dos hormônios com alto potencial anabólico; essa característica é interessante para programas com objetivo de hipertrofia muscular.
• Menor dano tecidual, pois a sobrecarga é distribuída para diversos músculos; isso pode ser interessante para pessoas que não toleram ou não desejam sofrer os efeitos da dor muscular tardia.
• Maiores adaptações coordenativas e maior estabilidade articular, devido à quantidade maior de músculos recrutados [agonistas, antagonistas (coativação) e sinergistas]; isso pode ser produtivo para pessoas que desejam melhorar a qualidade de movimento.
• Maior transferência para as situações cotidianas, pois grande parte das ações cotidianas são baseadas em movimentos multiarticulares; essa característica deve ser considerada nos programas de Treinamento Funcional.
Uniarticulares:
• Isolamento muscular, pois o exercício é direcionado para um(ns) grupo(s) muscular(es) principal(is); essa característica é interessante para reabilitar lesões, corrigir déficits de força ou enfatizar determinado grupo sobre outros grupos musculares.
• Maior acúmulo local de metabólitos, promovendo maior edema (inchaço, pump) local; isso pode ser uma estratégia produtiva para programas de hipertrofia muscular.
• Maior dano tecidual, pois a sobrecarga é concentrada sobre um ou poucos grupos musculares; isso torna o exercício uma opção viável para elevar o nível de estresse local, principalmente, em situações nas quais a sessão de treino antecede longos períodos de descanso.
• Facilidade de execução, pois mobiliza-se somente uma articulação, na maior parte dos casos, com movimento uniplanar; essa estratégia pode ser bastante viável para alunos iniciantes com baixos níveis de coordenação motora.
Falo mais sobre as vantagens dos diferentes tipos de exercício no livro Musculação Time Efficient. Bons estudos e ótimos treinos!